Era uma vez uma moça chamada Ana Lúcia. Tinha 21 anos, era alegre, apaixonada por sua filha, uma linda menina chamada Vitória que tinha apenas 2 meses de idade.
A moça além de muito batalhadora, era muito estudiosa e estava no terceiro semestre de Ciências. Apesar de toda a sua correria do dia-a-dia, trabalho, filha, faculdade, sempre tirava um tempo, no final de semana, para ir para a balada com seus amigos, pois desejava encontrar um novo amor.Tanto que até havia feito uma promessa para a Don' Alia, figura lendária e miraculosa da sua cidade.
Em uma sexta-feira, coincidentemente treze de agosto, encontrou um rapaz, dezoito anos, bem apessoado e "ninja" na arte da sedução, chamado Juan.Conversa vai, conversa vem...entre um vanerão e outro, aconteceu o primeiro beijo de língua do casal. Então, trocaram números de celular e msn. No sábado, o celular de Ana Lúcia não parou de receber torpedos apaixonados de Juan.
Depois de um ou dois encontros "calientes", resolveram trocar alianças de compromisso, por iniciativa de Juan.
Juan foi então apresentado à família de Ana Lúcia, seus pais não foram muito com a cara do rapaz, acharam que ele era muito balaqueiro, que estava se achando e além disso, já pediu a caranga do velho emprestado para dar umas bandas no centro.
Os primeiros sete meses de namoro foram mágicos.Ana´Lúcia, sempre muito preocupada com o futuro, fazia planos com Juan, certa de ter encontrado seu príncipe encantado. Pensava até em juntarem os trapos.Porém, sem mais ou menos, Juan começou a apresentar um comportamento estranho. Não estava nem aí com trabalho, estudos, só queria curtir a vida...Dormir, comer e não se estressar. Começou dois cursos universitários diferente. Desistiu dos dois. Tratava Ana Lúcia de forma grosseira e dizia:
-Para quê estudar tanto??
Ana Lúcia fingia não ouvir, pois estava cegamente apaixonada por ele.
Juan, insistindo em manter aparência de playboy, começou a pedir dinheiro para Ana Lúcia, pois estava sem emprego pela milésima vez.
Os pais de Ana Lúcia, começaram a perceber que a filha estava sendo engambelada pelo rapaz, metido a facão sem cabo, e pressionaram-na a dar um pé na bunda dele, pois ele só a faria sofrer.
Juan, sentindo-se num mato sem cachorro, e temendo perder a sua galinha dos ovos de ouro, resolveu propostiar a moça a assumir um compromisso mais sério. Pediu dinheiro para comprar as alianças. Então noivaram.
Três anos se passaram e a situação continuava a mesma. Ela sustentando o "chupim" e ele se passando de leitão para mamar deitado.
A mãe da moça, não aguentando mais ouvir tanta lamúria, ficou sabendo no cabelereiro de um padre que atendia em uma cidade vizinha. A mulherada comentava que o padre era bagual, botava o olho na pessoa e abria o livro.Contava tudo, passado, presente e futuro. A mãe tanto fez, que conseguiu arrastar a filha até o dito padre.
Quando chegaram lá, ao botar o pé na escada, Ana Lúcia sentiu um arrepio no espinhaço.Deu uma suspirada e seguiu em frente.Ao dar de cara com o dito cujo do padre, este mirou-a nos olhos e sem rodeios falou:
-Estás aborrecida com as atitudes da pessoa que amas??
Ana Lúcia gelou e só fez um gesto afirmativo, com sua cabeça. A mãe dela lhe deu um baita coice por debaixo da mesa.
Ana Lúcia ergueu a cabeça e continuou firme e forte na conversa, pegou o celular da bolsa e mostrou pro padre o papel de parede, que era uma foto do dito cujo.
Quando o padre viu a foto, enrrugou a testa, ajeitou os óculos, respirou fundo e lascou:
- Este cara não vale o que come. Tá te fazendo de palhaça.Você comerá o pão que o diabo amassou se insistir em casar com ele. Lhe dou trinta dias para cair a máscara dele.Você vai ver.
Ana Lúcia saiu da sala chorando, mas sem acreditar no padre.
Chegou em casa e foi fazer uma consulta on-line num site de tarô. As cartas revelavam que seriam felizes para sempre. Preferiu acreditar nisto.
Não tardou e naquele mesmo mês, de agosto, mês do cachorro louco, enquanto Ana Lúcia preenchia o cheque que Juan a havia pedido, ouviu o sinal de torpedo que vinha do celular dele. Juan saiu apressado com o cheque na mão, pois queria colocar uma sonzeira nova na caranga que Ana Lúcia pagava as prestações do financiamento e esqueceu o celular em cima da mesa. Então a música do torpedo tocou de novo. A música que sinalizava a mensagem era "Pra você" de Paula Fernandes. Curiosa, Ana Lúcia resolveu bisbilhotar a mensagem recebida. Quando leu quase caiu dura. Cairam todos os butiás do bolso dela com as palavras calientes e sem-vergonhas que estavam na mensagem.
Quando ele chegou em casa, ela chutou o pau da barraca e quis tirar a história a limpo. Queria saber quem era a piranha que escreveu aquilo. Com palavras melosas, ele quis dar um nó nela, dizendo que era um engano e que ela era a única mulher da vida dele.
O rolo de Juan foi indo, foi indo até que não deu mais para enrolar Ana Lúcia e ele foi, então, obrigado a pedir um tempo.
Ana Lúcia, bocó como sempre, aceitou o pedido do noivo e pensou que tinham mesmo que discutir a relação, pois ele estava passando por uma crise existencial. Pensou até em procurar um psicólogo para ajudar seu amor a passar por este momento tão cabeludo.
No dia seguinte, Ana Lúcia, para arejar as idéias, foi com sua filha até a pracinha e deu de cara com Juan dando uma banda, com o carro financiado que ela pagava, com uma sirigaita, uma maria gasolina. E o pior, suas amigas lhe mandando torpedos dizendo que ele havia mudado seu perfil no Orkut, apresentando a sirigaita como seu mais novo romance.
Agora, finalmente, as fichas de Ana Lúcia haviam caído.
Adorei o conto....
ResponderExcluirGostei que vocês mostraram muito do que temos discutido nos chats, como regionalismos e expressões idiomáticas...
ResponderExcluirMuito bom!
Abraço, Laura